Com a palavra, a Candidata

Depois de muita indignação durante a semana, qual seria a opinião de uma pessoa séria em meio a tanta palhaçada?

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Hoje resolvi pedir licença para o Seu Antenor. Sei que uma barbearia é lugar de homens, mas o que seriam dos homens se não fossem nós – as mulheres. Afinal, li outro dia que até o Seu Antenor tem uma musa inspiradora – Dona Irene.  
 

Muito simpático, Seu Antenor, abriu esse espaço para que eu pudesse opinar sobre as eleições de 2010. 


Um olhar feminino e mais que isso, um olhar de alguém que resolveu tentar fazer a diferença. 


Não, não sou artista atrás da fama (Não tenho nenhuma habilidade artística), não sou esportista (Que me perdoe os atletas, mas sou sedentária), não me intitulo nenhuma fruta (Acho que já estou um pouco passada) e também não tenho veia cômica (A vida me ensinou a ser séria demais).


Sou apenas uma mulher que sonha, acredita, luta e conquista. Sou como muitas mulheres da minha geração. Sou perfeccionista, gosto e posso exercer o comando e o controle das ações para alcançar os resultados que almejo. Busco no dia a dia a independência, a liberdade, a identidade própria e luto profissionalmente e emocionalmente para ser valorizada e compreendida.


Nunca tive medo do novo e sempre busquei as coisas que acredito. E é com essa determinação que vou em busca de alcançar os meus objetivos. Como muitas, exerço múltiplas tarefas, sou amiga, companheira, mãe, profissional e batalho de maneira incansável pelos direitos de hoje e do futuro das novas gerações.


Sou candidata a Deputada Federal e vocês sabiam, por exemplo, que a Argentina tem 38% de mulheres no parlamento e nós apenas 9%?


As dificuldades que tenho enfrentado são imensas. Candidatar-se a Deputada Federal, nesse mundo é o mesmo que enfrentar uma guerra. Começando pelos recursos.

Fala-se muito em reformas… Aliás, em época de eleição fala-se muito… Não é mesmo Seu Antenor? 


Vejam a reforma política. Poderiam e deveriam começar a reforma definindo sobre o financiamento das campanhas, que deveria ser exclusivamente pública. Com certeza isso evitaria que os caciques de plantão, que são patrocinados por empresas privadas, em troca de favores, continuassem na vida publica.


Devemos lutar por medidas que aumentem a transparência, o dialogo e o respeito entre a classe política e a sociedade. Valorizar o talento, a honestidade e o patriotismo em vez de indagar, por exemplo, a filiação partidária. 


Bem, filiação partidária… Tenho que pedir licença para o Seu Antenor e voltar outro dia.


Olha, Seu Antenor, a campanha não reflete exatamente todos os candidatos. Dê a oportunidade para que outros se apresentem. Nem que for para ver o Seu Antenor fazendo a barba dos seus clientes, olhando as moças passarem, e se indagando: Para que servem as eleições?


Temos grandes lideranças sociais, intelectuais que estão envolvidos dando um passo para a renovação. Afinal não podemos apenas valorizar o PÃO E CIRCO.


Obrigada pelo espaço. Até a próxima.

Silvia Palma”

Sobre Seu Antenor

Barbeiro há 50 anos. Ganhou prêmios internacionais de corte e rapidez na gilete.
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3 respostas para Com a palavra, a Candidata

  1. Guilherme disse:

    Sempre bom conhecer todos os lados da história. Infelizmente, os “palhaços” do horário político acabam chamando mais atenção. E nem todo mundo tem acesso a outros meios de comunicação, como a internet e o jornal.

  2. Silvia Palma disse:

    Bom dia Guilherme.
    Realmente é lamentável que nem todo mundo tenha acesso as informações. Dentre muitas promessas eleitorais o Presidente Lula, garantiu acesso a internet Banda Larga a várias comunidades carentes… como promessas fazem parte e são incontáveis na história das eleições , a exemplo de Odorico Paraguassu, (nem sei se é do seu tempo, mas o Seu Antenor conhece) espero que seja esta uma promessa factível.
    Só através da Educação e Informação desenvolveremos a criticidade.
    Ainda bem que temos A Barbearia e o Seu Antenor dando este espaço para começarmos esse exercício.
    Um abraço

  3. Luiz Ferraz disse:

    muito boa a discussão. Queria dizer que estou cada vez mais convencido de que se não alterarmos noções de cidadania e objetivos de nossa sociedade o que vai sobrar por ai vai ser pessoas que só querem comprar um carro, um celular e abrir conta em um banco. Nossa sociedade só quer isso, conhecimento e educação só serve para ganhar mais dinheiro. Todo o ensino esta burocratizado. Lamentável.
    Parabéns pela postura Silvia. Se eu fosse você só divulgaria sua candidatura nos meios alternativos e no boca a boca. Essa campanha na TV e Rádio é como um picadeiro de circo.

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