Os rótulos na música

Não existe música de macho. Também não existe música gay ou de mulher. O que existem são bandas e cantores mais ou menos estranhos.

Não dá, por exemplo, para cogitar que os caras do Iron Maiden sejam veados. Apesar de usarem calça colada, cabelo comprido e cantarem fino, são machões, não há dúvida.

Freddie Mercury tambem é um caso interessante. Ele era gay, todo mundo sabe. Embora tivesse voz grossa, cabelo curto e bigodão, fora do palco, pintava as unhas e usava salto alto.

No fundo, tudo é uma questão de como os caras se apresentam às pessoas.

O Chico Buarque, um cantor pelo qual todo mundo põe a mão no fogo, já fez músicas tanto para homem quanto para mulher. Ou seja, já teve seus musos e suas musas.

O Caetano – certamente, um pouquinho mais suspeito – escreveu o Menino do Rio. Uma canção para um garoto que andava de sunga pelas praias cariocas, tinha um dragão tatuado no braço e jogava futevôlei.

Rótulos para artistas e públicos não faltam. Com a mais recente (e óbvia) aceitação do lesbianismo, um monte de gente vem dizendo que a turma da Ana Carolina, da Zelia Duncan e da Adriana Calcanhoto só tem fã sapatão. Não concordo, pois conheço homens, mulheres e gays que curtem as moças.

Até o Fagner, bem menos moderninho, cabeça-chata e nariz batatudo, já declarou que teve um caso com um homem. Tem inclusive uma história de um show que ele fez no Canecão em que um cara subiu no palco e lhe tascou um beijo. Antes de saber do caso, eu mesmo já pensei ser impossível um gay gostar de Fágner.

Isso tudo só prova mesmo que música não tem sexo. E, como toda arte, cada pessoa assimila de um jeito. Afinal, quando o Tim Maia cantava Gostava Tanto de Você, ele queria falar do amor como um todo. Não do amor específico entre um menino e uma menina, um cãozinho e uma cadela ou do amor entre um garçom e um taxista.

Sobre Thiago Tiriba

Negão, poeta e pianista.
Esse post foi publicado em Uncategorized. Bookmark o link permanente.

Uma resposta para Os rótulos na música

  1. biancacorona disse:

    Muito bom Thiago! Concordo 100%. Música não tem sexo! Viva a mistura e as surpresas.

Deixe um comentário