Jacques Costeau x Seu Antenor

Semana de folga na barbearia.

Como disse o Guilherme, também frequentador da barbearia do Seu Antenor, fiquei trabalhando bastante essa semana. Como a maioria deve saber trabalho com cinema e documentários, e assim como ele, estava envolvido em mais de um trabalho. Estava ocupado, mas não o bastante para sentar aqui na frente do computador.

Na verdade, o que mais me ocupou durante essa ausência foi por que eu resolvi fazer um curso de mergulho. Todas as pessoas que mergulham sempre me incentivaram, dizendo coisas que eu achava que só drogas alucinógenas faziam com um ser humano, além do prazer imenso, o silêncio incrível, a beleza e a tranquilidade da natureza, e por aí vai. Esses amigos já mergulharam no mundo inteiro, desde Jordânia, Seychelles, Fernando de Noronha e a Lage de Santos – que inclusive é um dos melhores pontos de mergulho do Brasil e sempre me contaram suas aventuras. E eu não aguentei, fui matar minha curiosidade.

Você sabia por exemplo que SCUBA significa “Self Contained Underwater Breathing Apparatus”? Pois é, nem eu. E quando que eu descobri que quem inventou o Scuba Diving, foi Jacques Costeau, que nasceu no dia 11/06, o dia mais importante da minha vida, pois foi o dia que eu nasci? Esses geminianos só me dão orgulho. E mais: descobri que o Jack, para íntimos, era documentarista e dos bons. Ganhou 2 Oscars e a Palma de Ouro em Cannes. No total fez 4 longa-metragens e 70 documentários para a TV sobre o mundo aquático. Ou seja, o cara é o meu mais novo ídolo.

E fui lá e fiz as aulas teóricas e na piscina. E só tenho uma coisa a dizer: absurdo. Simplesmente absurdo. E digo mais, é uma sensação única. Você tem que controlar o seu corpo inteiro, neutralizar todas as ansiedades e medos, você sozinho, enfrentando um ambiente e uma situação adversa. Você se obriga a sentir todo o seu corpo, a controlar sua respiração, a forçar a respirar. É uma experiência melhor que terapia. Recomendo para todos.

Para mim a questão ficou no seguinte: quando você está de baixo d’água, você está num ambiente estranho ao seu corpo, não fomos feitos para ficar mais do que alguns minutos por lá. Com esse entedimento você começa a perceber para que serve cada item que o Jacques Costeau inventou. Os tanques de ar, o tipo de ar que tem por lá, o regulador de ar, o profundímetro, tempos de subida para a superfície, como calcular quanto tempo ficar debaixo d’água e por aí vai. E entendendo isso tudo, principalemente que esse ambiente não é feito para nós e que somente forçando a barra e confiando no Scuba do Jacques Costeau, é que vamos conseguir enfrentar e ver todo esse universo.E aí sim, vamos perceber e sentir tudo o que pode ser proporcionado. O mergulho para mim é um entendimento, na minha opinião, muito maior do que apenas a técnica de mergulho. Existem questões humanas até.

Todos deveriam mergulhar. E olha que eu ainda nem mergulhei de fato – só nesse fim de semana é que irei fazer o batismo, que é a prova final para eu obter o meu certificado. E pelo visto, e se eu tiver dinheiro suficiente, vou fazer muito ainda. E não vejo a hora de iniciar essa fase da minha vida.

Mas o que o Seu Antenor tem a ver com o isso tudo? Ainda não falei com ele – to esperando minha barba crescer um pouco mais – mas tenho certeza que ele vai gostar, fora que ele deve ter muitas boas histórias para contar. Jacques Costeau marcou toda uma geração, com suas histórias do mundo debaixo d’água e seus documentários, inclusive ganhando Oscar em 1956 com o documentário Le Monde du silence e em 1964 com outro documentário aquático chamado Le Monde sans soleil, esse último também ganhou a Palma de Ouro em Cannes. Foi o primeiro documentário a ganhar os dois mais reconhecidos prêmios do cinema. É o meu novo ídolo.

Abaixo  segue um apreritivo do  primeiro Oscar de Jacques Costeau “Le Monde du Silence” (O Mundo do Silêncio) de 1956. Aproveitem e se imaginem lá dentro:

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*** um errata e grave: Le Monde Sans Soleil (O mundo sem sol) não é um documentário, e sim uma ficção. E para não ter mais dúvidas dos trabalhos cinematográficos de Jacques Costeau, segue o perfil dele no imdb: http://www.imdb.pt/name/nm0184150/

Sobre Luiz Ferraz

27 anos, cineasta, sambista, são-paulino doente e bom de garfo.
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7 respostas para Jacques Costeau x Seu Antenor

  1. Luiz Gustavo disse:

    Muito bom, Luizão! Um dos melhores depoimentos sobre mergulho que já li. Traduziu muito bem o desafio físico e psicológico do mergulho. Essa sua nova pegada temática vai render.
    Acho que o Departamento de Mergulho da Confraria – e da Barbearia – precisa combinar uma viagem a Bonaire, no Caribe. Point de mergulho mochileiro: barato e irado. Com direito a bluehole, inclusive!

    • Luiz Ferraz disse:

      O caribe é logo ali! Preciso trabalhar bastante agora para sustentar essa idéia. Vamos que vamos. Novembro podemos armar alguma saída por aí. Nos falamos.

  2. Bianca Corona disse:

    Eu e o Gui estamos esperando vc e a Gal lá embaixo, no azul de mil cores, no silêncio cheio de sons, junto com as maiores e menores criaturas do nosso Planeta Azul!!! 🙂

  3. Augusto disse:

    Sensacional, não vejo a hora de fazer o meu curso e entrar nesse universo!

    Abraço e parabéns!

  4. Stefanno disse:

    Grande Luizão!
    Em novembro, entro com vcs no Caribe!
    A sensação é realmente indescritível. Melhor ainda, é ver que tem muita coisa acontecendo lá em baixo. Cores, silencio, como vc mesmo disse, entre outras coisas.
    Uma das minhas maiores descobertas, é que os sinais em baixo da água foram criados para facilitar a comunicação e evitar um afogamento ao tentar falar (rsss), mas como o som se propaga no ar por ondas, pois não há nada para atrapalhar, então, em baixo d’água vc consegue se comunicar verbalmente… é verdade. O som sai da sua boca e vc pode ter até uma comunicação “tranquila” lá em baixo rsss. A explicação está que, quanto mais fundo, as ondas se mantêm constantes e oscilam pouco, ou seja, o som caminhar sem se dispersar. Hehehe
    Bom mergulho!
    Abs

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